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Nove assassinados em área rural de MT apresentam sinais de tortura, diz perícia

23 ABR 2017 • POR Valdeir Simão e Youssef Nimer • 11h03
Homens foram assassinados a golpes de facão e a tiros, segundo a Perícia Oficial e Identificação Técnica de Mato Grosso - Foto: Ciopaer/Divulgação

Os corpos dos nove trabalhadores rurais assassinados na área de Taquaruçu do Norte, a mais de 350 km da zona urbana de Colniza, município a 1.065 km de Cuiabá, apresentam sinais de tortura, segundo os técnicos da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) que realizaram os exames de necropsia neste sábado (22).

O crime ocorreu na quarta-feira (19), mas a polícia apenas tomou conhecimento do caso no dia seguinte, devido à dificuldade de acesso à área rural. O crime seria motivado por disputa de terras na região e foi cometido por um grupo encapuzado, segundo testemunhas. Uma força-tarefa foi montada pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT) no município para a investigação do crime.

Segundo a perícia, todos os corpos apresentavam marcas de violência e sinais de tortura. Alguns dos corpos foram amarrados e outros decapitados, além de apresentarem marcas de enxadadas e facadas, não apenas de tiros. De acordo com a Polícia Civil, pelo menos duas vítimas foram assassinadas a golpes de facão e o restante por tiros de uma arma calibre 12.

'Clima de medo'

Segundo os policiais civis e militares que estão atuando na investigação do crime, o clima é de medo em Taquaraçu do Norte, onde moram cerca de 100 famílias. Os moradores estão abalados e assustados e a segurança no local foi reforçada.

Chacina

Inicialmente, ainda na quinta-feira, a Secretaria Estadual de Segurança Pública tinha informações de que sete pessoas tinham morrido no ataque. O número oficial, de nove mortes, foi confirmado na sexta-feira (21), após a chegada de forças policiais no local do crime.

De acordo com o governo, a suspeita é que os autores do crime sejam capangas de fazendeiros da região. A área chamada de Taquaruçu do Norte, segundo a Sesp-MT, fica em uma região de conflito agrário.

Neste sábado (22), as testemunhas do crime começaram a ser ouvidas pela polícia. Segundo o comandante da Polícia Militar em Colniza, tenente Hélio Alves Cardoso, até o momento as investigações apontam que as vítimas estavam começando um loteamento irregular na região. Todos os homens assassinados foram encontrados dentro de suas casas.

"Tem uma estrada, por onde essa quadrilha deve ter passado, e uns barracos ao longo dela. Eles foram entrando e executando, barraco por barraco, as pessoas que estavam dentro deles", disse.

Até o momento, a polícia acredita que o crime tenha sido cometido por quatro suspeitos. Os policiais devem retornar ao local do crime no domingo (23), quando pretendem trabalhar na identificação dos suspeitos.

"Foi o caso mais desafiador e com o emprego de maior violência. Nunca havia pego um caso com tamanhas proporções", disse o perito criminal Daniel Soares, em entrevista à TV Centro América.

Os trabalhos da perícia foram realizados em um salão localizado ao lado do cemitério de Colniza. Oito das nove vítimas já foram identificadas, sendo que três delas seriam do estado de Rondônia. Conforme a perícia, todas as vítimas são homens com idade entre 23 e 58 anos.

A suspeita é de que o último homem ainda não identificado seja natural de Alagoas, mas a polícia aguarda o envio de documentos do estado para confirmar a identidade.

Fonte: G1