Brasil

Vírus do atual surto de febre amarela tem mutação genética inédita, diz Fiocruz

15 MAI 2017 • POR Valdeir Simão e Youssef Nimer • 15h47
Primatas são as principais vítimas da febre amarela - (Foto: Arquivo TG)

Pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) finalizaram o sequenciamento completo do genoma do vírus responsável pelo atual surto de febre amarela no país. A partir dessa análise, eles encontraram variações inéditas em algumas de suas sequências genéticas. Não há registro anterior dessas mutações na literatura científica mundial, de acordo com a instituição.

Sobre um possível impacto das mutações para a vacina disponível no Brasil, a equipe de cientistas explica que o imunizante adotado atualmente protege contra diferentes genótipos do vírus, incluindo o sul americano e o africano, e que as alterações detectadas no estudo não afetam as proteínas do envelope do vírus, que são centrais para o funcionamento da vacina.

Desde o aumento de casos no Brasil, a Fiocruz fez os primeiros sequenciamentos do vírus. Foram utilizadas duas amostras de macacos bugios do Espírito Santo, mortos em fevereiro de 2017.

“Os bugios são especialmente importantes nas investigações sobre a febre amarela por serem considerados 'sentinelas': como são muito vulneráveis ao vírus, estão entre os primeiros a morrer quando afetados pela doença. Além disso, estes animais amplificam eficientemente o vírus em seu organismo”, descreve Ricardo Lourenço, que é veterinário e entomologista.

Um resultado inicial apontou que esse vírus da febre amarela pertence ao subtipo genético conhecido como linhagem Sul Americana 1E, que atua no Brasil desde 2008. No entanto, com o final da análise completa, os cientistas conseguiram detectar as variações genéticas, que estão associadas a proteínas envolvidas na replicação viral.

De acordo com os pesquisadores, os impactos da descoberta para a saúde pública ainda precisam ser investigados e apontam a necessidade de que mais amostras sejam sequenciadas, relativas a outros lugares do Brasil e com coletas em humanos, macacos e mosquitos. Novos resultados deverão ser apresentados nas próximas semanas.

Fonte: G1