Polícia apura droga ou erro médico em caso de jovem morta após quebrar pé
9 FEV 2017 • POR G1 • 11h32Consumo de drogas e erro médico são duas suspeitas da Polícia Civil para a morte da jovem Gislene Costa Perez, de 24 anos. Ela quebrou o pé em um bar na fronteira com o Paraguai no dia 28 de janeiro e deu entrada no Hospital Regional de Ponta Porã, onde morreu horas depois de ter três paradas cardiorrespiratórias.
A suspeita de consumo de droga está anotada no prontuário médico da paciente. No campo de dados clínicos consta a informação de que "paciente refere entorse do pé direito após queda da própria altura. Paciente alcoolizado, provável consumo de drogas".
Em outro campo do prontuário a equipe médica relata ainda que a paciente foi "trazida pelo Corpo de Bombeiros com fratura de tornozelo direito, em bom estado geral, verbalizando e chorosa".
A família de Gislene quer a exumação do corpo e não acredita em consumo de drogas, segundo informou ao G1 o advogado André de Oliveira. Ele disse que o pedido de exumação é uma das providências cabíveis que a família está tomando para apurar as causas da morte.
"Não é normal que uma jovem de 24 anos, por um problema no tornozelo, esteja morta horas depois de entrar em um hospital e receber alguma medicação. Estamos a par da suspeita e, na realidade, a família entende que não procede essa ligação [da morte com uso de drogas]. Ela tem uma vida pregressa impecável e nunca teve problema nesse sentido. E, se essa situação de droga não se comprovar, acaba agravando ainda mais o dano moral da família", explicou.
Investigação
O delegado responsável pelas investigações, Lucas de Caires, da 1ª Delegacia de Polícia Civil de Ponta Porã, disse ao G1 nesta quinta-feira (9) que já ouviu familiares da jovem e parte da equipe médica que fez o atendimento para apurar a hipótese de erro médico.
"Trabalhamos com duas linha de investigação. Foi retirado sangue dela e encaminhado para exame toxicológico e estamos aguardando o resultado desse exame para saber se houve consumo de substância entorpecente e estamos apurando também uma suposta falha médica. O inquérito é para averiguar se houve crime ou não", afirmou o delegado.
Caso fique comprovado que não houve falha médica ou que a jovem usou algum tipo de substância ou qualquer outra causa de morte natural, não será crime, segundo o delegado.
No atestado de óbito, no campo causa da morte, consta “causa indeterminada”. O caso foi registrado na 1ª Delegacia de Polícia Civil de Ponta Porã como morte a esclarecer. O laudo da perícia, que deve apontar o que causou a morte, tem até 30 dias para ficar pronto.
Entenda o caso
De acordo com o boletim de ocorrência, Gislaine foi a uma festa em um barzinho da cidade acompanhada por um irmão, por volta das 23h30 (de MS), onde torceu o pé. Ela foi levada por parentes ao hospital, onde foi verificado que ela havia quebrado o pé, e ficou internada.
No domingo, por volta das 8h, um irmão foi fazer uma visita e foi informado que Gislaine estava com problemas respiratórios, teria sofrido duas paradas cardíacas, havia sido estabilizada e aguardava uma ambulância para ser transferida para Dourados. Por volta das 10h, antes da chegada da ambulância, a estudante sofreu a terceira parada cardíaca e não resistiu.
Família traumatizada
O irmão de Gislaine, Márcio Perez, conta que a família quer saber o que aconteceu com Gislaine e que está muito traumatizada com o caso e principalmente com falta de informações. Familiares fizeram uma manifestação no sábado, 4 de fevereiro, e diz que se não conseguirem respostas vão promover novas manifestações.
“Uma menina alegre, cheia de vida. Estamos revoltados. Sabemos que nada vai trazer a vida dela de volta, mas precisamos entender o que aconteceu. Ela não tinha nenhum problema de saúde, não sabemos se ela tinha alergia a algum medicamento, mas como que um pé quebrado pode terminar desse jeito”, comentou.