Boi Ferdinando cresceu em casa como filho e ex-funcionária de fazenda sofre por se separar do animal
Ex-funcionária precisou deixar fazenda e chora sentindo falta do animal. Ela tentou comprar o boi que apelidou de Ferdinando, mas dono não quis vender
14 FEV 2024 • POR Redação/EC • 11h58Nádia Pereira Mendes, de 35 anos, tem vivido dias de sofrimento. Ela e a família estão desolados por terem se separado de um boi que criaram com muito afeto dentro de casa. Eles deixaram a fazenda em que trabalhavam há um mês e gostariam de ter levado o animal que cresceu como membro da família, mas receberam uma negativa quando tentaram negociá-lo.
Amado como um filho, o boi Ferdinando nasceu há dois anos e mudou a vida de Nádia. Ele veio ao mundo com as patas tortas e não conseguia nem ficar em pé. Desenganado, o bovino recém-nascido foi entregue a ela, que o tratou e cuidou com todo amor. E os cuidados deram resultado: em pouco tempo, as pernas do animal ficaram firmes e ele finalmente conseguiu andar.
Nádia trabalhava fazendo a limpeza da casa dos patrões e o marido era campeiro na propriedade localizada a 30 quilômetros de Campo Grande (MS). Em conversa com a reportagem, ela recorda o dia em que o boi Ferdinando entrou em sua vida.
“Meu esposo chegou com ele prematuro e falou pra mim ‘Ah, amor, não sei se ele vai vingar não. Você quer cuidar?’. Então peguei e comecei a cuidar. Era muito magrinho, ele nasceu com os pezinhos tortos”, diz a dona de casa.
“Mandaram eu desistir”
Com imagens guardadas de todos os passos de Ferdinando, Nádia relata. “Eu tinha que pendurar ele, fazia massagem nos pezinhos pra ver se conseguia arrumar. Teve um momento até que chegaram lá e falaram assim pra mim: ‘Ih, Nádia. Desiste disso aí porque isso não vai vingar’. Eu falei: ‘Não, eu vou cuidar’. E cuidei”, conta, muito emocionada.
Foram mais de dois anos convivendo com o boi que ela batizou de Ferdinando logo nos primeiros dias de vida, em alusão à animação infantil “O Touro Ferdinando”. No filme, o protagonista tem um temperamento calmo e prefere sentar embaixo de uma árvore e relaxar, ao invés de correr por aí, bufando e batendo cabeça com os outros.
Separação e negativa: “Esse aí eu não vendo, vai morrer de velho”
Os dois filhos de Nádia, Luan e Nathan, de 11 e 7 anos, cresceram junto com o boi, que era como um irmão. O marido também deu todo o afeto e a família criou um vínculo muito grande com o animal. Desse modo, todos estão há um mês sofrendo pela separação.
Isso porque, há pouco mais de 30 dias, eles se mudaram para a cidade após o campeiro receber uma oportunidade mais vantajosa de trabalho. Com a mudança, Ferdinando ficou na fazenda. Abalada, a dona de casa diz que tentou até comprar o animal para evitar a separação, mas o dono da propriedade não quis vendê-lo.
“Eu conversei com o patrão. Disse pra ele: ‘Me fala aí um valor, porque as crianças estão sentindo muita falta do bichinho’. Minha mãe tem uma chácara, tenho até lugar pra deixar o Ferdinando. Mas ele falou que não quer vender”, lamenta.
Na tentativa de negociação, a ex-funcionária ainda pediu: “Cuida bem dele pra mim”. Ao pedir um valor, ela relata ter recebido a seguinte resposta: “Ô, Nádia, esse aí eu não vendo não. Vai morrer de velho”.
Sofrimento sem fim
O apego é tão grande que Nádia e seus filhos choram todos os dias. “Ele foi crescendo com a gente, grudado, dormia dentro de casa. Quando foi crescendo, eu tinha medo dele machucar as crianças, aí comecei a deixar no mangueiro. Mas aí ele começava a chorar e eu tinha que soltar e deixar dentro de casa um pouco”, recorda.
Segundo ela, ninguém ligava para o animal que, de início, era desenganado, e o patrão autorizava o convívio diário. “Eu pensava que ele já era meu”, comenta a sul-mato-grossense, em meio às lágrimas. “Meu menino fica fazendo TikTok todos os dias com as fotos dele”, acrescenta.
É por isso que os dias têm sido marcados pelo sofrimento e por lágrimas que não secam. Arrasada, ela, os filhos e o marido tentam seguir sem o animal que é parte da família.
O Jornal Midiamax entrou em contato com o dono de Ferdinando mas não obteve uma resposta até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.
Veja como Ferdinando está atualmente:
Veja alguns vídeos: