Polícia

Com raiva após ficar sem o celular, adolescente mata pai, mãe e irmã 

Ele teria convivido normalmente com os corpos durante o final de semana, até ligar para a Polícia Militar e contar sobre o crime

21 MAI 2024 • POR Redação/EC • 17h33
Adolescente de 16 anos mata pais e irmã a tiros dentro de casa na Zona Oeste de SP. - Foto: Reprodução/Facebook

Um adolescente de 16 anos foi apreendido, na madrugada desta segunda-feira (20) depois de confessar ter matado os pais adotivos e a irmã a tiros dentro de casa, na Vila Jaguara, zona oeste de São Paulo.

Segundo a TV Globo, o crime aconteceu na noite de sexta-feira (17), mas só foi descoberto nesta segunda-feira, quando o próprio adolescente ligou para a polícia para contar o que tinha feito.

O pai do adolescente tinha 57 anos, a mãe, 50, e a irmã, 16. Em depoimento à polícia, o menor de idade afirmou que já havia pensado em matar os pais anteriormente e que decidiu colocar o plano em prática após eles “confiscarem” seu aparelho celular. As autoridades policiais afirmaram ainda que o menor não está arrependido. Além disso, ele disse que, se pudesse, “faria novamente”. 

Os desentendimentos com os pais eram frequentes, segundo o adolescente. Ele disse que, na véspera do crime, os pais o chamaram de “vagabundo”.

Segundo o relato do adolescente, o pai e a irmã foram mortos por volta das 13h da sexta-feira. Depois, ele foi até a cozinha, almoçou ao lado do cadáver do pai e foi até a academia. A mãe foi morta horas depois, por volta de 19h, quando chegou do trabalho.

No sábado (18), um dia após as mortes, o adolescente pegou uma faca na cozinha e cravou nas costas da mãe. Ele disse que fez isso porque ainda estava com raiva dela por ter ficado sem o celular.

Durante o final de semana, convivendo com os corpos dos familiares, o garoto manteve sua rotina normalmente. No entanto, durante a madrugada de hoje, ele resolveu ligar para a Polícia Militar e contar o crime. Na ocasião, o próprio adolescente recebeu os policiais, mostrou onde estavam os corpos e confessou o crime.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), o adolescente confessou ter usado a arma do pai, que era guarda civil municipal em Jundiaí, no interior do estado.

Após ser ouvido no 87º Distrito Policial, o adolescente foi encaminhado para a Fundação Casa.

O caso foi registrado como ato infracional de homicídio – feminicídio; ato infracional de posse ou porte ilegal de arma de fogo e ato infracional – vilipêndio a cadáver.

Adolescente que matou a família se surpreendeu ao saber que seria apreendido, diz delegado

O adolescente de 16 anos que confessou ter matado o pai, a mãe e a irmã, se surpreendeu ao saber pela polícia que seria apreendido. O crime ocorreu dentro da casa onde a família morava, na Zona Oeste de São Paulo.

Segundo o delegado Roberto Afonso, responsável pela investigação, o jovem ficou assustado, mas não demonstrou arrependimento.

"Ele tomou um susto. Foi uma surpresa pra ele que na hora que foi falado: 'você vai ser preso'. Ele se espantou com isso. A gente não sabe se ele estava fora da realidade com relação à apreensão ou pode ser que ele tenha considerado que é um adolescente. A gente vai analisar lá na frente", afirmou ao g1.

Isac Tavares Santos, de 57 anos, Solange Aparecida Gomes, de 50 anos, e Letícia Gomes Santos, de 16 anos, foram encontrados mortos na residência. No domingo (19), o filho do casal ligou para a Polícia Militar e confessou o crime. Os corpos ficaram três dias no imóvel.

A polícia apreendeu os celulares do pai, da mãe, da irmã, além do aparelho e computador do garoto. Ainda de acordo com o delegado, vizinhos, amigos e familiares devem ser ouvidos nos próximos dias. A investigação apura se o adolescente agiu sozinho.

"A perícia será muito importante nos aparelhos dele, dos pais e irmã. No momento não podemos dizer se teve algum mentor. Até agora sabemos que era uma família pacata. Vamos aprofundar na investigação", completou o delegado.

Frieza e avaliação mental

De acordo com o boletim de ocorrência, o adolescente ligou para a Polícia Militar na noite de domingo (19) e afirmou que havia matado os familiares usando a arma de fogo do pai, que era da Guarda Civil Municipal de Jundiaí (SP), e queria se entregar.

Os policiais foram até a casa da família, localizada na rua Raimundo Nonato de Sá, e encontraram o adolescente.

Ele disse que havia cometido o crime na última sexta-feira (17) porque estava com raiva dos pais por eles terem tomado seu celular. 

"É um caso que sempre choca, né? Você tem familiares que foram assassinados por um outro familiar. É um homicídio intrafamiliar. Sempre chama atenção a frieza, porque são familiares. Matou três familiares e tem espaçamento de tempo. As questões vamos levantar e mais pra frente vamos traçar um perfil do garoto", afirmou o delegado.

Segundo o delegado, o garoto deve ser submetido a uma avaliação psicológica.

"Ele fica esse tempo apreendido na Fundação Casa. O Ministério Público, titular da ação penal, vai estabelecer da necessidade de rigidez mental para saber se ele estava em sã consciência. Isso tudo tem que ser analisado e o MP fará isso aí. Vamos aguardar o laudo".

A pistola usada no crime foi achada na mesa da sala e estava municiada. Próximo ao corpo da adolescente também havia uma cápsula deflagrada de arma de fogo. A arma e a munição foram apreendidas.

Depoimento

Na delegacia o adolescente afirmou que sempre teve desentendimentos com seus pais, que eram adotivos.

"Ele falou que a família estava achando que ele era 'vagabundo' por estar o dia todo no celular. Ele generalizou a situação e ao longo da investigação teremos contato com ele pra pegar mais informações", afirmou o delegado.

O adolescente disse que sabia onde o pai escondia a arma e a testou momentos antes do crime. Na sexta-feira (17), ele atirou contra o pai quando ele estava na cozinha e de costas. A irmã ouviu o disparo, foi até o cômodo e foi baleada no rosto.

O adolescente ainda relatou que foi para a academia após matar os dois. Ao retornar, esperou pela mãe, que foi assassinada assim que viu os corpos do marido e da filha. O adolescente colocou uma faca no corpo da vítima no dia seguinte.

O caso foi registrado como ato infracional por homicídio, feminicídio, posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito e vilipêndio de cadáver.