Saúde

Diagnóstico tardio torna câncer que matou Léo Batista um dos mais mortais

20 JAN 2025 • POR Redação/EC • 06h26
Diagnóstico tardio torna câncer que matou Léo Batista um dos mais mortais - Foto: Reprodução

O ícone do jornalismo esportivo brasileiro, Léo Batista, morreu neste domingo (19), no Hospital Rios D’Or, no Rio de Janeiro, local onde estava internado desde o dia 6 de janeiro, com quadro de desidratação e dor abdominal. Na última sexta-feira (17), o apresentador havia recebido o diagnóstico de câncer de pâncreas.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA) o câncer de pâncreas apresenta alta taxa de mortalidade, justamente em razão do diagnóstico tardio, uma consequência da demora do aparecimento de sintomas.

Além de demorar, quando os sintomas aparecem eles são facilmente "confundidos" com os de outras doenças. Dentre alguns sintomas do câncer de pâncreas estão, por exemplo, falta de apetite e náuseas.

Detecção precoce

A detecção precoce do câncer é a estratégia utilizada para encontrar um tumor numa fase inicial e, assim, possibilitar maior chance de tratamento bem sucedido.

Ela pode ser feita por meio da investigação com exames clínicos, laboratoriais, endoscópicos ou radiológicos, de pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença. 

Esse diagnóstico só é possível em parte dos casos, quando os sinais e sintomas aparecem antes da doença alcançar fases mais avançadas. Os sinais e sintomas mais comuns e que devem ser investigados são:

-Icterícia (pele e mucosas amarelas)
-Urina escura (cor de chá preto)
-Cansaço, perda de apetite e de peso
-Dor em abdômen superior e costas

"Na maior parte das vezes esses sintomas não são causados por câncer, mas é importante que eles sejam investigados por um médico, principalmente se não melhorarem em poucos dias", destaca o Inca.

O tratamento depende do tipo de tumor, da avaliação clínica do paciente e dos exames, laboratoriais e de estadiamento. O estado geral em que o paciente se encontra no momento do diagnóstico é fundamental no processo de definição terapêutica.

A cirurgia, único método capaz de oferecer chance curativa, é possível em uma minoria dos casos, pelo fato de, na maioria das vezes, o diagnóstico ser feito em fase avançada da doença.

Nos casos em que a cirurgia não seja apropriada, a radioterapia e a quimioterapia são as formas de tratamento, associadas a todo o suporte necessário para minimizar os transtornos gerados pela doença.

Risco

Alguns fatores aumentam o risco do desenvolvimento do câncer de pâncreas. Eles podem ser divididos entre hereditários e não hereditários, sendo a menor parte dos casos, algo em torno de 10% a 15%, decorrente de fatores de risco hereditários. Dentre esses podemos destacar as síndromes de predisposição genética com associação ao câncer de pâncreas como:

-Câncer de mama e de ovário hereditários associados aos genes BRCA1, BRCA2 e PALB2
-Síndrome de Peutz-Jeghers 
-Síndrome de pancreatite hereditária

Dentre os fatores de risco não hereditários, estão:

-tabagismo
-excesso de gordura corporal (sobrepeso e obesidade)
diabetes mellitus
-pancreatite crônica não hereditária.

Os fatores de risco não hereditários são passíveis de modificação, pois relacionam-se, em grande parte, ao estilo de vida.

Exposição a solventes, tetracloroetileno, estireno, cloreto de vinila, epicloridrina, HPA e agrotóxicos apresentam associações com o câncer de pâncreas. Os agricultores, os trabalhadores de manutenção predial e da indústria de petróleo são os grupos de maior exposição a estas substâncias e apresentam risco aumentado de desenvolvimento da doença.

Prevenção

Segundo o Inca, a melhor forma de se prevenir do câncer de pâncreas é assumir um estilo de vida saudável.

Dentre as recomendações, estão evitar a exposição ao tabaco - de forma ativa e passiva -, e manter o peso corporal adequado, já que o excesso de gordura corporal (sobrepeso e obesidade) também são fatores de risco para desenvolver diabetes, que também aumenta o risco para câncer de pâncreas.

Estatísticas

O câncer de pâncreas mais comum é do tipo adenocarcinoma (que se origina no tecido glandular), correspondendo a 90% dos casos diagnosticados. A maioria dos casos afeta o lado direito do órgão (a cabeça). As outras partes do pâncreas são corpo (centro) e cauda (lado esquerdo).

No Brasil, sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de pâncreas ocupa a 14ª posição entre os tipos de câncer mais frequentes. É responsável por cerca de 1% de todos os tipos de câncer diagnosticados e por 5% do total de mortes causadas pela doença.

O risco de câncer de pâncreas aumento com idade avançada. Raro antes dos 30 anos, tornando-se mais comum a partir dos 60.

Correio do Estado