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'Passa o celular! Perdeu, moça': criança de 8 anos brinca de ser assaltante com simulacro e gera revolta em MS

Vítima da "brincadeira", moradora levou um susto e fez perguntas ao menino, que deu uma resposta surpreendente

28 JAN 2025 • POR Redação/EC • 17h40
Menor de idade anunciou assalto para moradora na rua e só depois revelou ser brincadeira. - Foto: Freepik, Reprodução

Perplexa ao ser surpreendida nas ruas de Campo Grande por uma criança de aproximadamente oito anos de idade portando um simulacro na mão e anunciando um assalto, uma moradora da Capital decidiu compartilhar seu relato e sua indignação com o Jornal Midiamax, após caso semelhante ir parar na delegacia e virar notícia no último fim de semana.

Ao saber que no domingo (26) uma senhora de 60 anos denunciou o sobrinho, de 12 anos, por ter feito sinal de arminha em sua direção, a campo-grandense trouxe à tona uma situação ainda mais inusitada envolvendo outro menor de idade e, não apenas um gesto de tiro, mas o anúncio de um assalto, no Jardim Colúmbia.

“Parei de moto embaixo de uma árvore para atender o celular, quando veio uma criança, de aproximadamente 8 anos, me apontando uma arma e dizendo: ‘Passa o celular! Perdeu, moça’”, revela a motociclista.

Incrédula com o que estava acontecendo, ela logo notou que o revólver na mão do menino se tratava de um simulacro – imitação de arma de fogo, geralmente de plástico, com aparência muito semelhante à de uma pistola verdadeira.

“Sem reação, olhei para a criança e percebi que a arma não era de verdade. Então disse a ele: ‘É isso que você quer ser quando crescer? Um marginal?’“, indagou a moradora, que recebeu uma resposta surpreendente do garoto. “Ele riu e disse ‘quero ser polícia, só estou brincando’”, detalha ela.

Revolta

O episódio revoltou a campo-grandense, que se não tivesse sido vivido na própria pele e visto com os próprios olhos, acharia difícil de acreditar. “Cadê esses pais que deram um simulacro para a criança brincar de assaltante na rua?”, questiona.

Por fim, ela afirma que o objeto na mão do menor “não era uma arminha de brinquedo não, era um simulacro, idêntico a uma arma de verdade”, declara.

Preocupante?

A história que a motivou a trazer à tona sua vivência figurou entre as notícias do final de semana e envolve uma senhora de 60 anos, que procurou a polícia para denunciar o próprio sobrinho, de 12, por ter feito gesto de arminha com as mãos em sua direção. Temendo a atitude do familiar, a idosa registrou a ocorrência, que deu o que falar nas redes sociais.

Para a psicóloga infantil Ana Clara Marques, os casos acima descritos evidenciam a necessidade do cuidado com os exemplos que as pessoas mais próximas dão aos pequenos, bem como a importância da restrição do acesso a conteúdos violentos.

“O que fica evidente são as referências que essas crianças estão consumindo. Muitas vezes não é um pai ou uma mãe que ensina o filho a fazer sinal de arminha ou ser agressivo, ele pode estar simplesmente assistindo a muitos filmes e desenhos que tenham essas ações, ou até mesmo jogando jogos com essas características”, comenta.

Diferença entre brincar de assalto e fazer sinal de arminha

A psicóloga ainda ressalta que há um abismo entre fazer gesto de tiro com as mãos e simular um assalto com simulacro nas ruas. “Brincar de ser assaltante é muito mais grave e já mostra o quanto essa criança está confortável e se sente segura para fazer isso no meio da rua. Precisaríamos saber o contexto em que ela vive para entender melhor. Pode ser que tenha contato e presencie isso no dia a dia ou apenas tenha imitado algo que viu alguém fazer na TV, no celular…”, pondera.

Já no caso do sinal com as mãos, a profissional destaca: “Isso é comum desde sempre, as crianças, normalmente os meninos, têm aquela fase em que ficam obcecados por tiros, armas… então não representa necessariamente um comportamento violento, mas geralmente costuma ser a reprodução de algo que viram, uma forma de se expressar (‘não gosto de você’), ou ainda, de fato, uma ameaça“, enfatiza, reforçando que cada caso é um caso e a generalização não é adequada.

Midiamax