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Caminhoneiro do ES vira pai de casal de gêmeos após vasectomia

27 MAR 2017 • POR Valdeir Simão e Youssef Nimer • 16h31
Foto: Reprodução/G1

Depois do segundo filho, o caminhoneiro capixaba Geraldo Betollo, de 52 anos, decidiu submeter-se a uma vasectomia. Apesar de o procedimento ser considerado por muitos especialistas como uma das técnicas mais eficazes, quatro anos depois do procedimento, Geraldo teve uma surpresa: a esposa engravidou. O susto se tornou ainda maior quando descobriu que ela esperava gêmeos.

Os irmãos Esther e Isaac nasceram no dia 10 de março de 2013, e o caso dos gêmeos do Geraldo é ainda mais curioso. Nos exames em que ele fez para saber se ainda possuía espermatozoides, o resultado era sempre negativo. Mas o exame de DNA que ele fez depois dos filhos nascerem confirmou que os bebês eram mesmo dele.

Na época, Geraldo já tinha um filho de 14 anos e um de quatro anos. “Quatro anos depois de eu ter feito vasectomia, minha esposa engravidou. Fiquei surpreso e comecei a fazer mais exames para saber o que aconteceu”, relatou.

O caminhoneiro contou que fez mais de seis espermogramas, exames que avaliam a fertilidade do homem. Também passou por mais de dez urologistas diferentes para tentar descobrir o que aconteceu. Mas nenhum deles conseguiu explicar, segundo ele.

Surpresa

A dona de casa Vanedi Aparecida Ferreira da Silva, de 40 anos, está casada com Geraldo há 20 anos. Ela revelou que a surpresa da terceira gravidez foi muito grande. “Foi assustador. A gente não estava mais esperando filho nenhum e se preparou para não ter mais. Então, veio a surpresa dos gêmeos”, lembrou.

Geraldo contou que, durante toda a gravidez, ficou do lado da esposa e não desconfiou dela. “Ela ficou baqueada porque o exame de esperma não dava nada”, disse. “Eu não acredito ainda no que aconteceu, o motivo ou o porquê. Eu estava praticamente zerado de espermatozoides e minha esposa engravida de gêmeos”, acrescentou.

Milagre

Segundo Vanedi, é um milagre os filhos terem nascido "maravilhosamente perfeitos" e cheios de saúde. “Quando eles nasceram, agradeci muito e pedi perdão a Deus por tudo o que tinha dito sobre os bebês. Pensei até em abortar. Realmente não dá para entender como aconteceu. Todos os anos ele fazia exames e monitorava o nível de espermatozoides que tinha”, lembrou.

Para cuidar da Esther e do Isaac, a dona de casa teve que sair do emprego. Antes dos gêmeos, Vanedi disse que os vizinhos e a família sempre falavam para ela tentar ter uma menina, pois ela tinha dois meninos. Mas ela sempre dizia que dois filhos já estava bom.

Hoje, ela divide o tempo entre cuidar da casa, dos quatro filhos e do marido. “Aconteceu uma vez e a gente não sabe explicar como. Não acredito muito que aconteça de novo, mas se acontecer não vai ser tanta surpresa”, revela.

Explicação

É muito raro acontecer um caso como o do caminhoneiro Geraldo Betollo, segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Urologia secção Espírito Santo, Alexander Hatsumura Casini.

“O mais comum de uma pessoa que fez uma cirurgia de vasectomia é a recanalização espontânea, onde volta a passar espermatozoides e a pessoas volta a engravidar a parceira”, afirma.

Na cirurgia de vasectomia, é feita a ligadura dos canais deferentes, que são os condutos por onde passam os espermatozoides. No procedimento, são feitas duas pequenas incisões, uma em cada lado da bolsa testicular, explica o médico.

“A probabilidade é de um a cada dois mil casos para ocorrer a recanalização espontânea”, apontou o médico. Segundo o especialista, pode ocorrer até anos depois da cirurgia ter sido feita. “O mais comum é que aconteça nos primeiros anos”, disse.

O urologista explica que para uma pessoa que fez vasectomia ter filho, sem reverter o processo da cirurgia, só é possível se ocorrer a recanalização espontânea ou se a parceira realizar inseminação.

“O procedimento é uma das técnicas mais eficazes. A chance de falha é muito pequena”, destacou; Segundo o médico, os homens que queiram passar pelo procedimento devem ter, pelo 25 anos de idade, e um filho.

Já o urologista Eduardo Marsiglia disse que para tentar entender melhor o caso, gostaria que o caminhoneiro Geraldo repita o exame de espermograma na clínica para fazer uma avaliação mais profunda. Segundo Marsiglia, é preciso fazer um exame mais detalhado pois “não foi feito estudo do centrifugado para possível detecção de espermatozoides”, comentou.

Fonte: G1