Lucy de Melo Oliveira é condecorada com Moção de Congratulação da Câmara Municipal de Coxim  

Na noite de terça-feira, 29 de outubro, a professora aposentada Lucy de Melo Oliveira, recebeu a Moção de Congratulação da Câmara Municipal de Coxim, com indicação do vereador Abílio Vaneli (PT) e aprovada por unanimidade pelos parlamentares.   

O vereador Abílio Vaneli falou da trajetória de vida da sua homenageada Lucy, com a Moção de Congratulação simbolizando o reconhecimento e gratidão em prol do desenvolvimento da educação, pelo carinho e amor que tem pela missão de ser professora e marcar positivamente a vida de tantas crianças e adolescentes. 

Lucy Oliveira, ao fazer uso da tribuna, após saudar os vereadores, amigos e convidados, declarou: "Estou extremamente envaidecida com essa homenagem proposta pelo vereador Abílio e gostaria muito de ver aqui muitos outros educadores e educadoras recebendo também esta mesma homenagem. Fico grata a todos vocês que fazem parte desta Casa de Leis. Agradeço de coração aos vereadores pelo trabalho que fazem em conjunto. Agradeço também aos meus familiares e amigos que vieram até aqui para assistir essa homenagem que recebo nesta noite. Muito obrigado". 

Lucy de Melo Oliveira, 72 anos, nascida em Coxim, no distrito de Jauru, professora aposentada, formada em letras pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, filha de Gediel Leitão de Melo e Bercholina Vieira de Melo, a "Dona Filhinha", como era carinhosamente conhecida em Coxim, ambos in memoriam.

Mãe de 3 filhas: Glauce Melo, assistente social e das gêmeas Gleide Melo, professora e Glenda Melo, jornalista e professora.

Professora Lucy como é conhecida, lecionou em diversas escolas de Coxim: Pedro Mendes, antiga escola Xaraés e antiga Funlec e também em escolas de Campo Grande. Além de educadora, Lucy é artesã, bordadeira, poetisa e professora voluntária de bordados.

Filha de um garimpeiro e de uma farinheira, suas raízes eram profundas em um contexto de trabalho árduo e desafios diários. Desde pequena, Lucy observava a luta de seus pais para sustentar a família, aprendendo o valor do esforço e da dedicação. 

Tendo como melhor amiga a inesquecível professora Célia Mourão, fizeram a graduação juntas na Universidade e seguiram a caminhada juntas na profissão, Lucy que não se exime em dizer que Célia Mourão não era só sua melhor amiga, mas também inspiração como profissional.

Apesar das dificuldades financeiras, seus pais sempre valorizaram a educação, principalmente seu pai. Eles sabiam que, através do estudo, Lucy poderia ter oportunidades que eles nunca tiveram. Com isso em mente, incentivaram-na a estudar, mesmo que muitas vezes a escola estivesse longe e os recursos escassos.

O pai de Lucy foi seu melhor amigo, protetor e incentivador, que apesar da simplicidade e dificuldades - Seu Gediel - como era conhecido, ocupou uma vaga na Câmara Municipal de Coxim como vereador, também fundou a primeira Loja Maçônica na cidade, homem muito respeitado pela população coxinense por seu caráter e seriedade.

Lucy de Melo, apesar de ser mãe apenas de filhas, foi a primeira presidente do Clube de Mães do Capítulo Guardiães da Natureza da Ordem DeMolay, patrocinado e orientado pela Augusta e Respeitável Loja Maçônica Acácia de Coxim, que foi modelo para todo o Brasil. "Tia Lucy", como é carinhosamente chamada pelos DeMolays, contribuiu significativamente para a formação dos membros da Ordem em  bons e corretos cidadãos, trabalhando ainda em ações beneficentes promovidas pela organização juvenil e na aquisição de materiais e vestimentas do Capítulo.      

A professora Lucy teve uma vida dedicada à educação, contribuindo para a formação de milhares de jovens, com certeza a maneira amorosa e atenciosa que sempre tratou seus alunos a tornarem uma professora inesquecível e em reconhecimento a seus esforços, a Câmara de Vereadores de Coxim, com justiça, lhe concedeu a Moção de Congratulação. 

Glenda Melo, de forma especial, também usou a tribuna na sessão da Câmara Municipal de Coxim, onde declamou um poema intitulado "Meu Cotidiano", em homenagem às mulheres, escrito pela sua mãe Lucy, quando estava a caminho da escola dentro de um ônibus de transporte coletivo em Campo Grande, nas idas e vindas nos três períodos em que ela lecionava: 

Meu Cotidiano

Meu poema não tem rima
É feito de lima, de pedra e de nó.

É feito de agulha, de linha
Ponto a ponto, dia a dia, todos os dias.

É feito do salário curto, contado 
Como feijão de cada dia…

É feito de lida 
De tanque, de pia,
De ônibus lotado
De gente cansada
De mulher estressada 
É feito de espera, cancela.

Do amor costumeiro, rotineiro
É feito de angústia 
De espera 
De medo
Da violência que ronda, que sonda
Que ceifa a vida por nada
Por ciúme, por perfume, por comida, Resumida…
É feito de dor, de lágrima rolada
De unha encravada, encalacrada, da cólica de todo mês.

Cobrada da menstruação complicada…
É feito de faxina 
Na gaveta viva.

Onde se troca a esperança velha 
Pela nova que renova a cada dia
Como se renova a planta.

Na estação de que é servida 
É feito de saudade 
De tanta vida partida
Levada pelo destino, pela sina, ou qualquer coisa parecida, que assim se justifica…

Meu poema é igual a vida 
Consumida aos pouquinhos 
Hora a hora, dia a dia 
Ano a ano, vida a vida…

É feito de raça, de força e coragem 
Que faz do difícil, simples trivial 
Cozinhando a esperança 
É enfeitando a fé
Que move e revela 
O Eu MULHER !!!!

Por: Lucy Melo

Confira a galeria de imagens, com fotos de Valdeir Simão/Diário X: