Como educador, talvez eu tenha uma posição privilegiada para observar algumas características que dão tipicidade aos jovens dessa época, em especial adolescentes.
De modo geral, é natural que ouçamos que os jovens de hoje não se comportam como os de nossa época ou a de nossos pais.
Isso se justifica, em parte, em razão dos adventos tecnológicos que modificaram os modos de se comunicar e, de modo extensivo, alteraram também a maneira de se relacionarem.
Os smartphones, ítem quase obrigatório na visão desses jovens, funcionam como uma espécie de escudo a proteger-lhes das dificuldades e embaraços de um contato direto, frente a frente.
Sem esse dispositivo de proteção muitos deles sequer iniciam uma conversa, pois a realidade, ao contrário do mundo virtual, expõe a nudez existencial por que passa muitos deles.
Não há filtros de imagens para a realidade. Em razão da percepção negativa que tem da autoimagem a autoestima se deteriora e um certo tipo de confusão lhes acomete o entendimento: afinal, qual deles sou eu: a imagem projetada pelas/para as redes sociais ou esta corroída e imputada pela realidade.
Nesse entre lugar as perguntas mais básicas (nem por isso as mais fáceis de serem respondidas) carecem de respostas satisfatórias para si próprios:
Quem sou eu?
Quem ou quais são minhas referências?
O que me deixa feliz?
O incômodo que essas perguntas trazem a estes adolescentes é tamanho que, uma vez feitas, o caminho providencial para fugir, deliberadamente, das respostas é "mexer" no celular, seu abrigo seguro.
Sem mecanismos que possibilitem uma reflexão saudável os adolescentes vivem do cotidiano, das situações tão logo elas se dispõem a vivencia-las.
Noções de planejamento, reflexão, projetos pessoais de vida fogem ao vocabulário na mesma medida dos conhecimentos escolares.
Como ‘personas’ desempenhando seus papéis no grande teatro da vida a pergunta que nos resta é:
Quem dirige essa peça?
Qual o gênero desse enredo: tragédia ou comédia?
O tempo ainda nos dirá!!!