Coxim celebra hoje 120 anos de emancipação político-administrativa. No entanto, se fizermos um voo panorâmico na história, desde o Arraial do Beliago até os dias atuais, percebemos que Coxim é muito mais velha que os anos que se comemora na data de hoje.
Provavelmente uma das 'cidades' mais antigas do Estado. Seus maiores símbolos, o pé de cedro e o peixe, por ausência de políticas públicas que valorizam o enraizamento desses artefatos culturais tem, paulatinamente, se transformado em elementos iconográficos para estampar camisetas e souveniers de pouca importância comercial.
Fatores ambientais e, sobretudo, políticos fizeram dessa artéria aorta que era o Rio Taquari um depositário de lembranças e recordações dos tempos de pujança em que as atividades turísticas e de pesca viviam sua era de ouro. Fala-se dos tempos em que se pegava peixe com as mãos: relatos dos mais velhos que na percepção dos mais novos são anedotas ou lendas urbanas.
A modernidade que tardiamente chegou a Coxim parece ter tido um efeito contrário, as boas coisas parecem ter sido levadas rio abaixo. Uma coisa é equivocadamente certa: só se recorda do passado recorrentemente quando o presente não nos agrada, nesse caso o passado é parâmetro de comparação.
A lembrança, a memória, como uma cápsula ‘energizante’ do tempo, nos traz certo vigor e força para peregrinar na aridez do cenário político, social e econômico da Coxim atual.
Em dia de celebração, numa atitude no protocolo social, a gente parabeniza Coxim buscando motivos para comemorar, recordando o passado e torcendo para o futuro um dia chegar até nós.
Na via de pensamento mais otimista a gente torce para que a afirmação "Bom mesmo é Coxim" não se transforme numa incômoda indagação: Coxim é bom mesmo?