No dia 13 de fevereiro de 2019 às 06h50 publiquei na minha coluna, do site Diário X, um “Alerta Vermelho” sobre a possibilidade do Hospital Regional de Coxim (HRC) fechar as portas com a seguinte frase:
“A falta de gestão profissional está diretamente ligada a crise financeira que o hospital vem passando”
No mesmo dia, o alto escalão da Saúde de Coxim produz um vídeo em frente do HRC (veja no final da matéria), onde a diretora geral Joelma Schumacher diz:
“Ficamos decepcionados com uma matéria que veicula isso [que o HRC pode fechar as portas] porque fica muito claro que o objetivo é prejudicar e confundir a sociedade” (grifo meu)
Aí, eu faço a primeira pergunta:
Quem está tentando prejudicar e confundir a sociedade?
A resposta é simples, mas vamos voltar um pouco no tempo para poder entender melhor porque a crise do HRC é por falta de gestão e quem realmente quer prejudicar e confundir a sociedade.
Doze dias após a minha publicação, a Diretoria de Controle, Avaliação e Auditoria (DCAA), solicitou uma Visita Técnica ao Hospital Regional Dr. Álvaro Fontoura Silva - Fundação Estatal de Saúde do Pantanal (FESP), após receber as solicitações do Consórcio Intermunicipal para o Desenvolvimento Sustentável da Bacia Hidrográfica do Rio Taquari (COINTA), por meio do Ofício Presidência nº 10/2019, de 25 de fevereiro de 2019 e do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), por meio do Ofício nº 223/2019/GAB-PGJ, de 25 de fevereiro de 2019.
No dia 22 de março, conforme circular nº 96 DCAA/SES, quatro auditores são designados para auditar o HRC
A Visita Técnica aconteceu nos dias 26, 27 e 28 de março de 2019, onde os auditores realizaram reuniões com os responsáveis dos setores do HRC, consultaram documentos e sistemas, entre outros.
O Relatório nº 3187/2019, emitido no mês de maio pelos auditores, ressalta: “após a Visita Técnica, foram solicitadas informações complementares à administração do Hospital, mas nem todos os questionamentos foram respondidos [...]”
Segunda pergunta:
Por que os gestores do HRC não responderam a todos os questionamentos?
Apresentar transparência sobre a situação administrativa e financeira do HRC é essencial para garantir e manter a confiança com o Estado de Mato Grosso do Sul e o Povo Coxinense, mas pelo visto, os gestores do hospital não estão preparados para responder ou, salvo melhor juízo, estão escondendo informações.
Estoques
Os auditores afirmam no relatório que a FESP apresenta falhas e descontrole do estoque de produtos/materiais no almoxarifado da Instituição e não houve inventário dos materiais permanentes.
Os controles dos materiais e medicamentos não são integrados aos setores pertinentes, nem mesmo ao setor financeiro e contábil do Hospital.
O Plano de Contas Contábil da Fundação está em desacordo com a legislação vigente, uma vez que não apresenta em seu rol, contas importantes como o estoque de insumos/ou mercadorias/medicamentos, conta de materiais permanentes e contas do ativo não circulante com suas respectivas depreciações.
Financeiro
Nos exercícios de 2017 e 2018, o Hospital realizou as retenções das contribuições da Previdência Social e do Imposto de Renda dos funcionários e não repassou os valores aos entes tributantes.
No exercício de 2018, o Hospital emitiu cerca de 75 (setenta e cinco) cheques sem a devida provisão de fundos, correspondendo ao total de R$ 332.959,06 (trezentos e trinta e dois mil, novecentos e cinquenta e nove reais e seis centavos), caracterizando a falta de controle financeiro e conciliação das contas correntes e contábeis.
Conforme o Código Penal, salvo melhor juízo, passar cheque “sem fundo” é crime:
CAPÍTULO VI – Do Estelionato e Outras Fraudes
Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena – reclusão, de um a cinco anos, e multa.
§ 2o Nas mesmas penas incorre quem:
Fraude no pagamento por meio de cheque
VI – emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.
§ 3o A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência.
Fonte: www2.senado.leg.br
Terceira pergunta:
Qual é a formação acadêmica e profissional dos gestores do HRC?
Acho que precisamos lembrar quais são as atribuições de um Administrador Hospitalar:
- Planejar e coordenar o setor de Recursos Humanos, aplicando rotinas de trabalho, funções e, acima de tudo, estabelecer políticas de contratações que visem o bem-estar do paciente;
- Coordenar a parte administrativa e contábil junto dos profissionais dessa área, a fim de entender o planejamento orçamentário e prever as receitas e despesas dos departamentos;
- Implantar controles do uso efetivo dos recursos físicos e financeiros da instituição;
- Deve estar sempre atento ao desempenho dos funcionários e equipamentos.
Considerações finais da auditoria
Os quatro auditores finalizam o Relatório nº 3187/2019 escrevendo que:
“As informações colhidas nas diversas fontes utilizadas pela equipe demonstram fragilidade dos registros contábeis, sistemas de controle interno deficitários, comprometimento das receitas com pagamento de pessoal acima do indicado e situação econômica e financeira insatisfatória, ou seja, o Hospital não conseguiria honrar suas dívidas de curto prazo”
Informações desencontradas e imprecisas deixam evidente que as GESTORES carecem de orientação ou não foram preparados para atuar adequadamente nas funções que exercem
Em tempos de crise, os gestores precisam saber exatamente o que pode e o que não pode gastar, ou seja, quando não há planejamento, organização, direção e controle, qualquer Empresa ou Instituição pode fechar as portas.
Saiba Mais
“Alerta Vermelho” Hospital Regional de Coxim pode fechar as portas
Relatório da Visita Técnica dos Auditores no Hospital Regional de Coxim - Parte I
Relatório da Visita Técnica dos Auditores no Hospital Regional de Coxim - Parte II
Fake News
Veja abaixo, o que foi publicado em site de notícia e na rede social (Facebook) tentando alegar como boato e Fake News a possibilidade do HRC fechar as portas por FALTA DE GESTÃO:
SITE
Matéria publicada no Facebook Foto: ReproduçãoDiretora do Hospital Regional de Coxim desmente onda de fake news
A Diretora Geral do Hospital Regional de Coxim, Joelma Schumacher, foi a público na tarde desta quarta-feira (13) para desmentir uma série de boatos e fake news que estão sendo divulgadas em redes sociais, sites de notícias e programas de rádio de Coxim de que a maior unidade de saúde da região norte do Mato Grosso do Sul estaria fechando as portas.
Acompanhada do secretário municipal de Saúde, Franciel Oliveira, e de colaboradores do Hospital, Joelma gravou um vídeo na frente da unidade desmentindo
“Nosso hospital, porta de entrada de urgência e emergência 24 horas permanece aberto. Não temos nenhuma informação de onde surgiu essa matéria de que o Hospital Regional de Coxim vai fechar suas portas. Estamos incansavelmente trabalhando. O prefeito Aluizio está trabalhando, o secretário Franciel está trabalhando, a direção está trabalhando, a equipe de funcionários está trabalhando, todos estamos trabalhando com apoio da Câmara de Vereadores, do Governo do Estado também”, esclareceu Joelma.
Vídeo publicado no Facebook Foto: ReproduçãoFicamos decepcionados com a matéria que veicula isso
Porque fica muito claro que o objetivo é prejudicar e confundir a sociedade. E a sociedade merece nosso melhor, nosso respeito, e o melhor do nosso trabalho. O “Hospital Regional está de portas abertas, fiquem tranquilos, pois aqui estamos para atender quem precisar”, finalizou a diretora do Hospital Regional de Coxim.
O esclarecimento serve para mostrar que a população coxinense está cansada de mentiras divulgadas por um grupo com interesses claramente políticos em provocar desordem social em Coxim, já que até mesmo uma vereadora chegou a falar em uma rádio que o hospital estava de portas fechadas e que pacientes iriam morrer. Lamentável ouvir um absurdo de um parlamentar que se diz representar o povo coxinense.
Após assistir o vídeo e ler os textos, inclusive da auditoria realizada pelo governo estadual, responda a minha primeira pergunta:
QUEM ESTÁ TENTANDO PREJUDICAR E CONFUNDIR A SOCIEDADE?