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Dom Otair Nicoletti

Coluna

O Semeador

17 JUL 2023Por Dom Otair Nicoletti18h:11

A Liturgia nos convida a refletir sobre a importância da Palavra de Deus e nos exorta a ser uma “terra boa” que acolha a Palavra e produza frutos abundantes na vida de cada dia. 

Na Primeira Leitura, o profeta compara a Palavra de Deus à Chuva “não voltará, sem ter cumprido a sua missão”. (Is. 55.10-11). Ao povo no exílio, já cansado e desiludido de voltar à sua terra, o profeta anuncia que Deus é sempre fiel às suas promessas. Sua Palavra é como a chuva e a neve: caem do céu e não voltam sem terem produzido o efeito. Deus não esquece o seu povo, sua Palavra nunca falha. 

Na Segunda Leitura Paulo ensina que o tempo da semeadura sempre é difícil, sofre-se com a dor e a espera, mas não se trata de um grito de morte, e sim do início de uma nova vida que vem chegando. (Rm. 8.18-23).

No Evangelho, com a Parábola da Semente e do Semeador, vemos que o fruto da Palavra de Deus depende da qualidade da terra. (Mt. 13.1-23). Com essa parábola, Mateus inicia o terceiro Discurso de Cristo: as Sete parábolas do Reino. “O semeador saiu a semear, a semente. Parte caiu: no caminho e os pássaros vieram e as comeram. No térreo pedregoso brotou mas logo secou. No meio dos espinhos – os espinhos cresceram e sufocaram as sementes. Na terra boa produziu trinta, sessenta e cem por um. 

Jesus estava encontrando dificuldade na aceitação de sua Palavra. Havia gente que não acreditava; Havia gente que embora simpatizasse com Jesus, logo desistia; Havia gente que via a mensagem de Jesus como uma ameaça – devia mudar de vida, afastar-se do poder, largar as riquezas... Por isso, hostilizava e tramava a morte do próprio Jesus. No fim estavam ficando com ele só alguns discípulos. Até ele tinham as suas dúvidas. 

Será que a Palavra de Jesus estava se tornando ineficaz? Jesus responde com a Parábola: Apesar dos obstáculos, a semente não perde a sua força. Deus lança a sua semente em todas as direções, não recusa: nem aos pecadores endurecidos; nem às pessoas superficiais; nem às pessoas imersas nas preocupações do mundo (prazeres, negócios). 

O ser humano pode fechar-se à Palavra de Deus, rejeitá-la, mas sempre haverá terreno onde produzirá trinta, sessenta e cem por um. O acolhimento do evangelho não depende nem da Semente nem do Semeador, mas da qualidade da Terra. 

Diante da Palavra de Deus, há quatro tipos de ouvintes que existiam naquele tempo e que continuam existindo hoje: Há os que têm um coração materialista. São até “muito religiosos”, mas dão prioridade à riqueza e aos bens deste mundo. 

Essas preocupações são como espinheiros que sufocam a semente da Palavra. Há também os que têm um Coração aberto e disponível. Neles, a Palavra de Jesus é acolhida e dá muito fruto. 

A Parábola nos propõe Três Perguntas: 1) “Que terreno somos nós?” – Questionamos o Pregador (Semeador) da Palavra de Deus: “Foi comprido, foi repetitivo, foi pesado...” Que tal questionar também a nossa atitude de Ouvintes? 2) Que Semeadores somos nós? Cuidamos o nosso terreno, retiramos as pedras e espinhos? Aprimoramos a semente que usamos, ou já tem validade vencida, porque não estudamos, não nos informamos, não nos atualizamos? (Na catequese, na liturgia, com cantos, na escola, na família, em nosso local de trabalho). 3) – Vale a pena semear? A Parábola de Jesus é uma Parábola de Esperança: Jesus é o Semeador, e nós também o somos, junto com ele. 

O semeador semeia em todos os terrenos, mesmo nos inférteis. E algumas sementes acabam germinando... O importante é semear o grão da esperança. Semear o sorriso para que resplandeça ao redor de nós. Semear as nossas energias para enfrentar as batalhas da vida. Semear nossa coragem para reerguer a coragem do outro. Semear nosso entusiasmo, nossa fé, nosso amor... 

O Evangelho de hoje nos garante, que apesar do aparente fracasso, o sucesso do “Reino” está garantido; e o resultado final será algo de surpreendente e de maravilhoso. Deus nos garante: “ A Palavra de Deus não voltará sem produzir o seu fruto”. 

Pe. Antonio Geraldo Dalala Costa CS 

"Põe a semente na terra não será em vão. Não te preocupe a colheita, plantas para o irmão... 
Toda semente é um anseio de frutificar. E todo fruto é uma forma da gente se dar. 
Põe a semente na terra não será em vão, não te preocupe a colheita, plantas para o irmão. Toda palavra é um anseio de comunicar. E toda fala é uma forma da gente se dar.
Põe a semente na terra não será em vão, não te preocupe a colheita, plantas para o irmão
Todo tijolo é um anseio de edificar. E toda obra é uma forma da gente se dar. Põe a semente na terra não será em vão, não te preocupe a colheita, plantas para o irmão."