Mato Grosso do Sul (MS) registrou o primeiro óbito pelo novo coronavírus [Covid-19] no dia 31 de março de 2020, sendo o único óbito daquele mês. Um ano após, 31 de março de 2021, o estado já contabiliza 4.334 óbitos, podendo o número ainda ser maior, pois existem os casos sem encerramento pelos municípios.
Março de 2021 está sendo pior mês para Mato Grosso do Sul, com um total de 975 óbitos, um novo recorde de mortes, comparado aos meses anteriores
Segundo matéria da Secretaria de Estado de Saúde, a primeira vítima do Covid-19 em MS foi uma mulher de 64 anos, residente do município de Batayporã. A paciente foi internada no dia 16 de março de 2020 em Nova Andradina e dez dias depois foi transferida para Dourados. Conforme investigação, a paciente contraiu o coronavírus através do contato com duas irmãs que chegaram da Bélgica, uma delas testou positivo para o Covid-19. A vítima internada tinha comorbidades e não conseguiu se recuperar, falecendo na manhã do dia 31 de março de 2020.
“Fique em Casa” e o “Efeito Bumerangue”
A frase “Fique em Casa”, desde o início das medidas preventivas em 2020, estão remetendo as pessoas para o chamado: “Efeito Bumerangue”. Conforme a psicologia social, o “Efeito Bumerangue” acontece quando uma pessoa adota a posição oposta do que é imposto para ela, ou seja, por exemplo, quando uma pessoa sente que a sua liberdade de escolha está sendo desrespeitada, ela reage de forma contrária.
Desde o segundo semestre de 2020, esse efeito está cada vez mais acentuado no estado, com muito descrédito por parte dos jovens e adultos na faixa dos 16 a 40 anos, pois o Covid-19 ataca mais os idosos com comorbidades. Tal fato, gera um conflito com as pessoas que estão seguindo à risca as regras do distanciamento social, o uso de máscaras, a higienização das mãos e, principalmente, da permanência em suas residências sem aglomerações.
Entretanto, com a nova cepa brasileira, o perfil dos óbitos está mudando. Agora, jovens e adultos, até sem comorbidades, estão indo parar na UTI e, o que era difícil de ver nos boletins epidemiológicos de MS, já é outra realidade, pessoas mais novas estão morrendo.
“Efeito Sanfona”
O “Efeito Sanfona” é muito usado para descrever quando uma pessoa apresenta dificuldades em manter o peso após um período de perda de quilos. Da mesma forma, mesmo com a nova cepa do vírus, podemos usar esse efeito para descrever os altos e baixos da pandemia no Estado, em relação ao número de óbitos:
Março a Agosto de 2020
- Em março de 2020, começa uma curva ascendente de óbitos.
- É implantado o hospital de campanha em Campo Grande.
- Governo de MS implanta o Programa Prosseguir
- Muitas medidas restritivas são adotadas, entre elas: lockdown, barreiras sanitárias e o toque de recolher.
- Agosto é o pico da 1ª Onda em MS - 489 óbitos.
Setembro a Novembro de 2020
- Setembro começa uma curva descendente dos óbitos.
- Jovens e adultos começam a aglomerar em avenidas, bares, conveniências, restaurantes e até participam de festas clandestinas.
- Congresso Nacional não abre mão das eleições municipais e apenas oficializa adiamento para novembro (PRIMEIRO GRANDE ERRO).
- Governo Estadual e Municípios de MS flexibilizam algumas medidas de segurança com respaldo nas regras emitidas para as eleições. Candidatos vão as ruas pedir voto, começam as caminhadas políticas e os comícios. Registros fotográficos e filmagens mostram candidatos, políticos e simpatizantes sem o uso correto das máscaras, com contato físico e realizando aglomerações (SEGUNDO GRANDE ERRO).
- Milhares de pessoas saem do isolamento e vão às urnas (TERCEIRO GRANDE ERRO).
- MS registra em novembro - 181 óbitos (FALSA SENSAÇÃO QUE O VÍRUS ESTAVA CONTROLADO).
Dezembro de 2020
- Após as eleições municipais, MS registra o pior mês de 2020 - 587 óbitos.
- Dezembro é um mês dos feriados (Natal e Ano Novo) e o início das férias de muitas pessoas com viagens programadas (mesmo em tempos de pandemia).
Janeiro de 2021
- Mesmo com o aumento de algumas medidas restritivas, MS registra - 569 óbitos.
- Muitas pessoas e famílias não abriram mão de sair do estado para visitar alguns parentes ou dar uma volta nas praias brasileiras. Quem não foi dar uma volta mais longe, aglomerou nos balneários.
Fevereiro de 2021
- Mês do carnaval, onde o feriadão foi mantido, permitindo a movimentação de muitas pessoas e famílias.
- MS registra uma pequena queda - 408 óbitos.
- No final de fevereiro, a nova variante do Covid-19, chamada de P.1, chega no estado.
Março de 2021
- Um ano após o primeiro óbito, MS registra o pior mês da pandemia - 975 óbitos (podendo o número ainda ser maior, pois existem os casos sem encerramento pelos municípios).
- Sem as medidas de segurança mais rígidas, tais como: lockdown e barreiras sanitárias, o sistema de saúde começa a colapsar. Até o hospital de campanha foi desativado a muito tempo.
- Sem leitos suficientes de UTI, os médicos estão escolhendo quem será internado na UTI, conhecido como: “A escolha de Sofia”.
- O Programa Prosseguir não é mais seguido à risca pelos municípios (mesmo sendo apenas sugestões), os indicadores são questionáveis pois não se encaixam para todos os municípios, muitos atrasos na divulgação dos mapas e o programa demora para ser atualizado no link http://mais.saude.ms.gov.br/.
- O governo acredita que o aumento das horas do toque de recolher durante a semana e nos finais de semana vai resolver o problema.
Infelizmente, as medidas adotadas não são suficientes para barrar o avanço do Covid-19
A padronização e o alinhamento das ações entre o estado e os municípios são de suma importância para conter o avanço da nova cepa do coronavírus e de outros agravamentos gerados pelo “confinamento social” – surtos psicóticos, suicídios, violência doméstica, feminicídio, entre outros.
Alguém lembra do gráfico elaborado pelo cientista Drew Harris e que foi adaptado pelo biólogo Carl Bergstrom?
Isso, aquele que mostra como as medidas de prevenção podem retardar o contágio da Covid-19 e evitar o colapso do sistema de saúde.
Pelo visto, os políticos (representantes do povo) não lembram do gráfico, pois, mesmo com um ano de experiência, o colapso do sistema de saúde está muito perto de acontecer.
Mas como os representantes do povo nunca assumem o ERRO, o foco agora e fazer marketing com as vacinas da salvação, ou seja, aquelas que são enviadas para os municípios em “doses homeopáticas”. Resumindo, vai demorar meses para imunizar 70 a 80% dos habitantes de MS, enquanto isso, o número de óbitos já chega a 4.334 o que representa a perda de um município inteiro comparado com a população de Jateí.
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