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Coluna

Praça do Pé-de-Cedro: o assunto é polêmico ou está polemizado?

29 JUN 2018Por Valdir Silva08h:41

Passei hoje em frente à praça do Pé-de-Cedro com a absoluta certeza que veria homens trabalhando e máquinas em movimento para a tão sonhada e discutida "revitalização" da praça que abriga o maior símbolo histórico e cultural de Coxim: o pé-de-cedro.

Mas, ao contrário, só percebi um ensurdecedor silêncio: a praça estava tão silenciosa quanto o cemitério logo mais acima.

O reunir "praça" e "cemitério" num só pensamento equivale a digredir sobre os conceitos semiológicos que dão base à construção do sentido: praça como símbolo da vida, de movimento, de reunião... e o cemitério simbolizando a morte, o esquecimento, o desconhecido...

Se ação das máquinas não revitalizou as propriedades físicas da praça, serviu para revitalizar a discussão sobre o patrimônio histórico-cultural coxinense. O tema esteve, por longo tempo, adormecido, salvo alguns corajosos balbucios de artistas que gritam para ouvidos surdos de uma política cujo modus operandis é caracterizado pela polêmica de suas ações e de suas intenções.

Seja como for, em meio às batalhas, cada qual em suas trincheiras e barricadas discursivas está o pé-de-cedro. A questão não é, exatamente, o pé de cedro como matéria que, como tal, irá sucumbir como toda matéria viva.

O que está tangenciado nas discussões é o modo como o pé-de-cedro está cristalizado no imaginário coletivo como símbolo.

É nisso que reside a sua força. Entre as propriedades materiais da árvore e a reverberação do símbolo na mentalidade coxinense reside a polêmica. Enquanto isso, a árvore balança seus galhos como mãos que dizem adeus.

Pé-de-Cedro que foi plantado por Zacarias Mourão Fotos: Valdeir Simão - Diário X