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'Passa o celular! Perdeu, moça': criança de 8 anos brinca de ser assaltante com simulacro e gera revolta em MS
Vítima da "brincadeira", moradora levou um susto e fez perguntas ao menino, que deu uma resposta surpreendente
Perplexa ao ser surpreendida nas ruas de Campo Grande por uma criança de aproximadamente oito anos de idade portando um simulacro na mão e anunciando um assalto, uma moradora da Capital decidiu compartilhar seu relato e sua indignação com o Jornal Midiamax, após caso semelhante ir parar na delegacia e virar notícia no último fim de semana.
Ao saber que no domingo (26) uma senhora de 60 anos denunciou o sobrinho, de 12 anos, por ter feito sinal de arminha em sua direção, a campo-grandense trouxe à tona uma situação ainda mais inusitada envolvendo outro menor de idade e, não apenas um gesto de tiro, mas o anúncio de um assalto, no Jardim Colúmbia.
“Parei de moto embaixo de uma árvore para atender o celular, quando veio uma criança, de aproximadamente 8 anos, me apontando uma arma e dizendo: ‘Passa o celular! Perdeu, moça’”, revela a motociclista.
Incrédula com o que estava acontecendo, ela logo notou que o revólver na mão do menino se tratava de um simulacro – imitação de arma de fogo, geralmente de plástico, com aparência muito semelhante à de uma pistola verdadeira.
“Sem reação, olhei para a criança e percebi que a arma não era de verdade. Então disse a ele: ‘É isso que você quer ser quando crescer? Um marginal?’“, indagou a moradora, que recebeu uma resposta surpreendente do garoto. “Ele riu e disse ‘quero ser polícia, só estou brincando’”, detalha ela.
Revolta
O episódio revoltou a campo-grandense, que se não tivesse sido vivido na própria pele e visto com os próprios olhos, acharia difícil de acreditar. “Cadê esses pais que deram um simulacro para a criança brincar de assaltante na rua?”, questiona.
Por fim, ela afirma que o objeto na mão do menor “não era uma arminha de brinquedo não, era um simulacro, idêntico a uma arma de verdade”, declara.
Preocupante?
A história que a motivou a trazer à tona sua vivência figurou entre as notícias do final de semana e envolve uma senhora de 60 anos, que procurou a polícia para denunciar o próprio sobrinho, de 12, por ter feito gesto de arminha com as mãos em sua direção. Temendo a atitude do familiar, a idosa registrou a ocorrência, que deu o que falar nas redes sociais.
Para a psicóloga infantil Ana Clara Marques, os casos acima descritos evidenciam a necessidade do cuidado com os exemplos que as pessoas mais próximas dão aos pequenos, bem como a importância da restrição do acesso a conteúdos violentos.
“O que fica evidente são as referências que essas crianças estão consumindo. Muitas vezes não é um pai ou uma mãe que ensina o filho a fazer sinal de arminha ou ser agressivo, ele pode estar simplesmente assistindo a muitos filmes e desenhos que tenham essas ações, ou até mesmo jogando jogos com essas características”, comenta.
Diferença entre brincar de assalto e fazer sinal de arminha
A psicóloga ainda ressalta que há um abismo entre fazer gesto de tiro com as mãos e simular um assalto com simulacro nas ruas. “Brincar de ser assaltante é muito mais grave e já mostra o quanto essa criança está confortável e se sente segura para fazer isso no meio da rua. Precisaríamos saber o contexto em que ela vive para entender melhor. Pode ser que tenha contato e presencie isso no dia a dia ou apenas tenha imitado algo que viu alguém fazer na TV, no celular…”, pondera.
Já no caso do sinal com as mãos, a profissional destaca: “Isso é comum desde sempre, as crianças, normalmente os meninos, têm aquela fase em que ficam obcecados por tiros, armas… então não representa necessariamente um comportamento violento, mas geralmente costuma ser a reprodução de algo que viram, uma forma de se expressar (‘não gosto de você’), ou ainda, de fato, uma ameaça“, enfatiza, reforçando que cada caso é um caso e a generalização não é adequada.
Midiamax